quinta-feira, 1 de outubro de 2015

E FUGI SOBRE AS PEDRAS



Iniciei minha manhã sobre as pedras
As próximas da água eram frias, lisas e me faziam escorregar
Afastei-me delas
A manhã andava e com ela o sol a me aquecer e também as pedras
Descalço estava e os pés elas queimavam
Calcei-me
Tentei equilibrar-me sobre as mais íngremes
Caí
Voltei as debaixo, nelas topei, o calçado, então, incomodava meus pés

Descalcei
Para abrandar a tarde que subia, uma chuva caía
E ficaram lisas todas elas
Parei para não cair
Sobre elas um mormaço subia
Sufocavam-me
Voltei a andar
A noite chegava e todas ficaram frias
Calcei-me
Cansei-me
Parei... e sobre as pedras andei
Ao olhar para trás vi quanta estrada estraguei
Pois em nenhuma das pedras meu nome deixei
Ao olhar para frente, chorei
Pois vi que há mais pedra na estrada do que imaginei
E andei sobre as pedras e aprendi
Que nada se constrói sem elas e delas sempre dependi
Então passei a respeitá-las e entender que
São ásperas e nos machucam
Lisas e nos derrubam
Quentes e nos incomodam
Frias e nos fazem tremer
E andei sobre as pedras e descobri que
elas são simplesmente iguais as pessoas de quem fugi
AUTOR: Glauberto Laderlac - Setembro/2015