CUIDE DE SUAS RELAÇÕES HUMANAS


Glauberto Laderlac

Há algum tempo o termo R.H. vem mudando para D.O. (Desenvolvimento Organizacional); D.H.P. (Desenvolvimento Humano Profissional); D.O.H. (Desenvolvimento Organizacional e Humano), D.O.S. (Desenvolvimento Organizacional e Social); enfim, você pode escolher a metodologia e a nomenclatura que quiser, mas não se esqueça das Relações Humanas.
Sobre as relações profissionais permeiam várias primícias, no entanto, há uma especifica que, é a causa dos insucessos e sucessos nos processos produtivos nas empresas.
Vamos falar então de Satisfação Pessoal!

A maioria das lideranças tende a querer encontrar nas pessoas de sua equipe a sua própria satisfação pessoal e, como geralmente isso não ocorre, estes líderes se frustram e começam um processo de retaliação com a equipe. Cessam-se os elogios e o egocentrismo do chefe aflora. Abre-se um abismo de comparativos insólitos que jamais gerarão reflexões positivas na equipe. Exemplo disso é quando um líder (chefe) começa a contar sua história de vida ou de carreira profissional, cheias de cicatrizes e feridas abertas, que jamais serão curadas e que, de nada agrega ou se assemelha as dos membros de sua equipe. E a frustração aumenta quando surge nos olhares dos ouvintes, nada atentos, o trágico: -“O que eu tenho haver com isso?” Neste momento o chefe passa por processo de transformação mutante (podem rir) e a guerra começa:
“ Estes infelizes reclamam de barriga cheia...”
“ Pagamos acima da média e eles ainda reclamam...”
“ Reclamam do salário, mas nada fazem para melhorar sua produtividade...”
“Tem gente aí cheia de diplomas que não ganha metade do que esse medianos estão ganhando...”
“Eles não fazem idéia do que tive de fazer para chegar aonde cheguei...”
-Já ouviram isto? Com certeza sim!
A grande confusão é que alguns líderes, os chamados “bocas abertas”, saem buscando atender a satisfação pessoal de cada um dos componentes de sua equipe. Outro erro!

A satisfação pessoal deve estar alinhada com o foco do negócio, missão e visão da empresa, e seus colaboradores precisam acreditar nisso. Se a missão de sua empresa for internalizada por seus colaboradores e se transformar numa crença, numa reza, num mantra, a satisfação pessoal de cada um, será a de cumprir a missão da empresa e pasmem, ainda ganhar alguma coisa (salário) por isso.

- Mas como fazer isso de fato?

Primeiro Entenda:

Salário é conseqüência de trabalho, isto tem que ser óbvio para quem paga e para quem recebe. Precisa-se parar de querer que o colaborador faça de sua remuneração a melhor coisa do mundo. Para ele é apenas a troca de dinheiro (que também será trocado por alguma coisa) por trabalho.

É preciso fazer pequenas ações de valorização e que estas ações não sejam demasiadamente onerosas e muito menos, muito menos mesmo, dolorosas. Quando sua equipe não está alinhada com a missão da empresa, os benefícios, prêmios, gratificações, etc. se transformam em ônus para empresa, e o pior é que, estes ônus para os colaboradores são misérias, esmolas, poderiam ser mais, sempre mais. Muitas vezes se calcula muito os custos das ações e não se mensura o valor das ações.

Portanto, a fórmula é simples:

- A realização da missão de sua empresa deve ser a satisfação de seus colaboradores.Então faça:
Sua missão deve está visível e de fato ser entendida e praticada por todos, principalmente a diretoria.
As metas devem ser tangíveis e focadas com a missão. Estabeleça compromissos, o alcance de metas será conseqüência disto.
Os membros da equipe devem, pelo menos, sugerir ou propor mudanças. Escute-os, faça-os sentir importantes e que a empresa vive com e através deles.
Suas gratificações e premiações devem ser mensuradas pelo valor agregado às aspirações pessoais de quem as recebem.
Seus colaboradores devem se orgulhar da empresa em que trabalham. Isto traz muita satisfação pessoal.
Em suas reuniões esclareça seus objetivos, não mencione custos, fale sobre investimentos, ao estabelecer as metas diga qual o retorno esperado e o porquê de consegui-lo.
Comemore. Festeje as vitórias e jamais lamente, pelo menos, para a equipe, as percas e ou as derrotas. No máximo mostre os resultados e avalie se foram positivos ou se, é necessário melhorá-los.

Pequenos gestos geram empatia e valor de satisfação pessoal:
-“Olha, gostaria que hoje você fosse pra casa mais cedo, e de cabeça fria, nos trouxesse uma idéia nova para batermos esta meta...”
-“Como está seu filho...a família...sua esposa melhorou...?
-“A respeito de sua compensação de horas, seu esforço já as pagou em dobro, esqueça-as, curta-as com sua família...”
-“Eu acredito em você, não precisa me trazer um atestado médico”
-“Vejo que você hoje não está em seus melhores dias, posso lhe ajudar?”
-“Vá para casa, depois veremos como repor estas horas” (seja honesto e simpático, senão, não o faça).
Pronto! Imagine agora a cara de surpresa de seus colaboradores, o grau de satisfação deles e o melhor de tudo, compare isto aos R$ que você teria que custear para dar algum prêmio ou uma gratificação extra. As pessoas são movidas pelo entusiasmo e nada é mais entusiasmante do que uma surpresa, uma grata e boa surpresa.

A metodologia do fazer por merecer deve ser muito bem desenhada. Hoje assistimos nas empresas a um verdadeiro show de ações mercenárias que, geram um ciclo vicioso sem fim e que, sobre qualquer pretexto as pessoas puxam o freio de mão e deixam de produzir na certeza de que os prêmios e as gratificações voltarão e serão a única salvação da lavoura.

Se sua equipe chegou a este ponto, entenda:

- Todo o entusiasmo destas pessoas está no bolso, então nada do que faça irá agradá-los mais do que dinheiro e tudo que fizerem passará por um processo de: -“O que eu vou ganhar com isso?”.
São pessoas que “criaram calos nas mãos” então assuma, você as fez assim! Então primeiro mude. Mostre-as que você mudou, tenha atitudes diferentes, refaça, inclusive, sua rotina. Ao sentirem sua mudança, mudaram também. Mas saiba que, nem todos assimilarão o processo e estes estarão fadados a saírem da equipe e por pior que isso pareça, mesmo sendo o melhor em números que você possui, para este é o fim da linha. A priori isto parece antagônico, e o é. Mas a recuperação, após a inevitável e temporária queda, será rápida e percebida pela equipe como: “Valeu à pena!” E “eu de fato sou importante!”

Lembre-se:
Estabeleça uma sintonia de confiança com sua equipe, ou você acredita nas pessoas que estão a sua volta ou mude-se ou mude-as.
Tenha bem estabelecidas as alçadas e dê responsabilidade e autonomia de uso delas. Mantenha mecanismos de auditoria, como procedimento básico da empresa, assim a prestação de contas não se tornará uma inquisição.
Seja bem humorado. “Bom humor é sinal de inteligência.” (Oscar Wilde).
Seja verdadeiro, se não for capaz de fazer tudo isso de forma simples e sincera, tenha coragem e atitude e entregue a alguém que faça.