segunda-feira, 11 de abril de 2011

CUIDADO: VOCÊ PODE SER O ALVO!

Glauberto Laderlac

Sempre há alguém querendo sua cadeira.

Já treinei muitas pessoas. Algumas delas, inclusive, selecionei e contratei. Como líderes estamos propensos a sermos copiados, invejados, idolatrados, alguns são temidos, e o interessantes é que sejamos respeitados. Que nossa trajetória seja aquela história que percorre as conversas de fim de campanha e melhor ainda, é se isso for regado, de elogios e admirações.

Em várias situações me deparei com ouvintes, alunos ou treinandos, com perguntas desafiadoras, teste de conhecimento, medições de proficiência, e até com comportamento de desdém sobre o que eu falava. Como palestrante, professor e facilitador (as diferenças ficam para outro momento), minha postura é adequar meu modelo mental para o cumprimento do objetivo do assunto, respeitar o conteúdo e manter a disciplina. Não ter como ofensa pessoal e entender que não é para a minha pessoa, aquele ataque, mas para a minha representabilidade naquele momento, pois estou sendo tudo o que o "agressor" gostaria de ser, apenas isso.

Tudo isso é muito normal, pois somos humanos, e sentirmos, ciúmes de quem tem algo um pouco a mais do que nós, ou está onde queríamos estar, desde que, se mesmo com esse sentimento, haja respeito, cordialidade, ética e educação, mas quando transformamos esse ciúme em ações que denigrem, agridem ou mentem a respeito do outro, é bom termos cuidado, pois podemos está sofrendo do mal do "porque não eu"?

Todos nós conhecemos alguém assim. Ou estão se lamentando, ou estão falando mal de alguém. E quando chegam ao final do dia os cônjuges além de enxugarem as lágrimas são obrigados a buscar respostas para perguntas sem resposta:

- "Mas, porque não eu"?
- "O que ele(a) tem que não tenho"?
- "Quem ele(a) penda que é"?

Para algumas pessoas isto se torna mais grave quando as demais ao seu redor, notam e afirmam que a competição está se tornando algo pessoal. O primeiro passo é negar, o segundo é tentar corrigir ou criticar qualquer atitude do outro, depois disso começa-se a copiar. O competidor faz coisas que geram comparativos ou igualdade de posição. Por exemplo: com certeza, alguns de vocês, após publicarem seus artigos, tiveram a surpresa de ver artigos, do seu colega competidor, uma coisa que, o mesmo, até então, nunca tinha feito ou demonstrava vontade de fazer.  Há para as pessoas que estão sofrendo do mal do "porque não eu"? a necessidade de mostrar para os demais que, ele é tão capaz quanto o outro. E podem até ser, mas ainda não aprenderam a mostrar seu valor com idéias próprias ou originais.

São pessoas que perdem muito tempo olhando pela janela para dá conta da cor feia da porta alheia, enquanto a sua permanece desbotada ou sem nenhuma cor. Não são pessoas más, apenas ainda não descobriram qual é o seu talento nato. Acreditam que podem fazer tudo o que outro faz e ainda melhorarem, mas quando a elas pedimos que tragam algo próprio ou original, sempre terão que recorrer ao ego e se sentirem enciumadas, pois só o fato de serem cobradas por algo original já os remete ao comparativo com o outro que freqüentemente já tem isso como tarefa cotidiana.

Todos nós somos capazes de termos grandes idéias. Precisamos, para isso, apenas nos concentrar em nós mesmos. Entender o que nos motiva e nos faz feliz. E deixar de querer viver a felicidade do outro.

O mundo globalizado e competitivo nos obriga a estarmos numa roda viva de conflitos pessoais e profissionais constantemente. É necessário termos serenidade e muito discernimento para não nos influenciarmos por pessoas que sofrem do mal do "porque não eu"?

Em 19 anos de mercado já vi várias vezes tombos horríveis de pessoas que tiveram seus tapetes, cadeiras, e alicerces puxados. E ao mesmo tempo, vi voar, sentar, e se assegurar do que era do outro, pessoas medíocres que não conseguiram se estabelecer no lugar que tomaram por assalto. Situações estas que podem gerar graves prejuízos organizacionais, desde a queda de imagem até mesmo de lucros.

São pessoas que fazem da inveja seu objetivo e que se limitam a copiar ou a viver a sombra dos demais, tirando proveito de suas atitudes e palavras, jogando-as umas contra as outras e cavando uma cova em que geralmente, elas mesmas costumam cair. São pessoas que parecem está ganhando sempre. Mas são solitárias, egoístas e pobres de espírito. São pessoas carentes. Crianças que ainda não largaram a mamadeira e não possuem força suficiente para criarem seu próprio ambiente, sua própria estrada, então precisam do feito alheio para sobreviverem, a ciência chama isso de parasitismo.

Eu chamo isso de responsabilidade. È dever do líder notar quem são essas pessoas, e porque as são. Cabe ao pastor conduzir seu rebanho e vigiar se entre eles há lobos em pele de cordeiro. Escutar com cuidado cada ruído e decifrar cada entrelinha da história de cada uma dessas peças deste jogo de xadrez chamado mercado.

É missão do líder ajudá-las. Não podemos negar a essas pessoas o melhor que possuímos, o conhecimento. Quanto mais disseminarmos nosso conhecimento, mais estaremos ajudando-as a pensarem, a exercitarem idéias, pois delas surgirão algo próprio e original que dará a essas pessoas uma auto-estima segura e enraizada nos seus próprios conceitos, e as afastarão da necessidade de viverem à sombra de outrem.

São pessoas de suma importância, pois geralmente, são estrategistas natos. Possuem uma capacidade de realização incrível, podem influenciar o meio e os demais, conseguem ser articulados, com boa fala e fluência, políticos naturais, são obstinados, mas não são seguros, não possuem em si mesmos, fortaleza necessária para criar seus próprios projetos e por isso tendem a se apropriar do que é alheio. Todos estes atributos devem ser canalizados para que a sinergia seja em prol do coletivo. Cabe ao Líder ser o objeto de canalização desses aspectos, direcionando-os aos macros objetivos da organização e do meio que os cercam.

Não é uma tarefa muito fácil, pois exige do gestor muita experiência e certo poder de "exorcismo", porque será o lugar do gestor que esta pessoa sempre buscará. É cabível ao líder mostrar que sua cadeira estará sempre à disposição de alguém melhor, de alguém que possa apresentar idéias e projetos superiores aos até então praticados. Se o gestor for alguém com muita bagagem transformará o competidor em um aliado e fará dele seu fiel escudeiro e dará a ele plenas condições de substituí-lo, pois como bom gestor, também é merecedor de uma promoção e sempre existirá uma cadeira acima, qual se almeja.

No entanto, quando o líder, perde seu poder de vigilância e ou confia demasiadamente e erroneamente, isso lhe custa a cadeira e o emprego. É preciso ser comedido, medir o peso das informações que repassa e analisar as circunstâncias que o cerca. Dar ao escudeiro, ao confidente, informações demasiadas pode custar muito caro. Além, de muitos outros, é papel do líder saber a quem, onde e o que fala, pois muito do dizemos, geralmente, é usado contra nós mesmo.

Cabe ao líder a responsabilidade da permanência ou da ascendência de seu competidor, mas jamais caberá ao competidor a responsabilidade da derrota alheia, e sim o mérito de sua vitória.

O mais mágico de tudo isso é que somente pessoas geram este tipo de dilema, são variáveis que somente a mais perfeita criação de Deus é capaz de criar. Por isso, não podemos esquecer que tudo gira em torno de quem produz e consume: O homem

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