sábado, 18 de julho de 2015

REVIVA



Reviva

Tomaram-me tudo que eu tinha, arrastaram-me pelo chão e desprezaram meus pedaços pelo caminho.

E toda minha aquarela havia virado quimera e traria a maior querela que pude enfrentar!

Segui como nada durante os melhores anos de minha vã vida!

Mergulhei numa lama sórdida do meu pequeno passado que nada de futuro me construiu.
E quando a última luz se apagou, um silvo de frio me arrepiou a pele, e me sacudiu do chão!

Tive certeza que nada mais me restara!

Errei! Era a minha nova aspiração me chamando! Com minhas últimas forças fiz do meu sangue combustível e acendi uma pequena tocha que me aqueceu e iluminou.

Ainda era pouco e tudo estava muito longe! Mas me ergui!

O cansaço e o desespero ainda moravam em mim, mas o mundo não perdoa os fracos e eu não queria seu perdão! Queria seu dia, seu limiar, sua luz e calor! Queria sua energia! Mas, como tê-la? Se nada eu tinha para comprá-lo?

Voltei pelos becos quais fui destroçado e catei meus pedaços e os colei numa trouxa de retalhos atados em meus braços, mãos e cabeça!

Não havia nenhuma beleza, mas uma simples esperança que tudo voltaria ao seu lugar! Era o bastante!

A cada nascer e a cada crepúsculo retomava minha inacabada história, reescrevendo-a em paredes como um rupestre.

Aí alguém leu, e gostou e copiou e me elevou! Resgatou-me de tudo e protegeu-me de todos. E quando eu estava refeito de minhas cicatrizes, simplesmente me disse:

- Doeu mais em mim do que em você!

E entendi que era a mesma coisa, o mesmo efeito e a mesma dor, pois nas duas pontas havia lágrimas e estas saem do mesmo local: - os olhos que sorriem e choram!

Nada do que me veio foi ao acaso, seja aqui ou outrora, além de ontem, mas eu o fiz e agora e eu o refaço e esta é a história de qualquer dor que sinta!

Então que eu reviva para poder melhor viver!


Glauberto Laderlac – julho/2015

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