Reviva
Tomaram-me tudo que eu tinha, arrastaram-me pelo chão e
desprezaram meus pedaços pelo caminho.
E toda minha aquarela havia virado quimera e traria a maior
querela que pude enfrentar!
Segui como nada durante os melhores anos de minha vã vida!
Mergulhei numa lama sórdida do meu pequeno passado que nada
de futuro me construiu.
E quando a última luz se apagou, um silvo de frio me arrepiou
a pele, e me sacudiu do chão!
Tive certeza que nada mais me restara!
Errei! Era a minha nova aspiração me chamando! Com minhas
últimas forças fiz do meu sangue combustível e acendi uma pequena tocha que me
aqueceu e iluminou.
Ainda era pouco e tudo estava muito longe! Mas me ergui!
O cansaço e o desespero ainda moravam em mim, mas o mundo
não perdoa os fracos e eu não queria seu perdão! Queria seu dia, seu limiar,
sua luz e calor! Queria sua energia! Mas, como tê-la? Se nada eu tinha para comprá-lo?
Voltei pelos becos quais fui destroçado e catei meus pedaços
e os colei numa trouxa de retalhos atados em meus braços, mãos e cabeça!
Não havia nenhuma beleza, mas uma simples esperança que tudo
voltaria ao seu lugar! Era o bastante!
A cada nascer e a cada crepúsculo retomava minha inacabada
história, reescrevendo-a em paredes como um rupestre.
Aí alguém leu, e gostou e copiou e me elevou! Resgatou-me de
tudo e protegeu-me de todos. E quando eu estava refeito de minhas cicatrizes,
simplesmente me disse:
- Doeu mais em mim do que em você!
E entendi que era a mesma coisa, o mesmo efeito e a mesma
dor, pois nas duas pontas havia lágrimas e estas saem do mesmo local: - os
olhos que sorriem e choram!
Nada do que me veio foi ao acaso, seja aqui ou outrora, além
de ontem, mas eu o fiz e agora e eu o refaço e esta é a história de qualquer
dor que sinta!
Então que eu reviva para poder melhor viver!
Glauberto Laderlac – julho/2015
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